A vida hoje


Este mês estive a avaliar os últimos acontecimentos... Bom, fazem exatamente três anos que minha principal atividade tem sido o estudo (lembrando alguns mergulhos no mercado profissional informal), sendo assim, posso discutir, história, ciência, política, atualidades, literatura, entre outros fenômenos informativos, porém tenho poucas experiências de contato social prático, tamanha a clausura que criei para obter um raciocino aprimorado.
Certa vez minha professora comentou que “quem quer muito, precisa fazer muito”. Realmente ela tem razão, em um país onde as oportunidades são escassas, necessito me manter à frente de uma maioria estagnada que vibra ao início do Big Brother.
Hoje em dia, conquistar um objetivo tornou-se uma tarefa árdua. A persistência virou sinônimo de masoquismo... dadas as circunstâncias, somente insanos buscam o progresso.
Percebo com profunda tristeza, o desinteresse das pessoas pela batalha, pela reivindicação, o amor próprio se foi, mas não é só... quem luta é ignorado, em uma sociedade onde baixar a cabeça é padrão.
Eu penso tanto... não sei aonde todo o meu esforço me levará, mas nem tudo o que farei será exclusivamente para mim. Quero poder despertar mentes, não bancando a dona da verdade, mas criando reflexão, ressuscitando ideais alheios. Existem diversos iluministas vivos, misturados ao lodo que se transformou boa parte da nação.
Mantenho a esperança de que muitas pessoas descubram sua verdadeira essência, deixando de ser escravas das circunstâncias, se superando e vivenciando intensos processos de mutação.

Proibido educar


Volto novamente com uma pauta política, não é um de meus assuntos favoritos, mas é impossível ficar inerte perante ao que o governo tem apresentado ultimamente. Há alguns dias houve a façanha de aprovarem o Estatuto da “igualdade” racial (com a sábia intervenção do Senador Demóstenes Torres – DEM, ao intervir em determinados tópicos, para que esse dissimulado Estatuto, não viesse à tona em sua totalidade), entretanto o congresso presenteou os cidadãos com mais uma disparidade, comemorando os 20 anos do ECA, surge então a lei que abole o castigo físico infantil, ou seja, a velha “palmada” não fará mais parte da educação das crianças.
Com tantos aspectos importantes a serem considerados e priorizados nesse país, o que faz o governo intrometer-se na educação dos pequenos? Sinceramente, jamais aceitaria que uma criança fosse espancada, mas um tapinha de advertência impõe limite às mais ousadas. O que o presidente não compreende é que nem toda criança está apta para um diálogo, existem diversas faixas etárias que não têm entendimento para ouvir um “sermão”.
A sociedade já se encontra contaminada por pais comandados pelos filhos, tamanha a sua falta de autoridade, quem dirá agora, progenitores privados de seu pleno poder... absurdo no mínimo.
Falta firmeza nesse país, se adotou como oficial, a pedagogia Laissez-faire. Dar uma palmada, não é ser violento, mas responsável ao limitar uma criança saliente.
A educação é proporcionada desde cedo aos indivíduos e o quadro dos tempos de hoje é assustador. Menores cometem delitos monstruosos e não são punidos corretamente. Agora é solicitado que se afrouxe as cordas ainda mais cedo, na tenra infância. Diante desse descaso, me apavoro ao imaginar daqui a algum tempo, crianças comandando o tráfico nas favelas. Exagero? Talvez uma breve prévia do que se espera de um país que converte pedagogia em supressão da orientação familiar sadia.

Da razão a expressão


Chego a mais um final de semestre e a sensação é de ter recebido outro tijolo para acrescentar à minha construção. Percebo que a cada palavra dita, texto lido, conversas trocadas, pesquisas, práticas, descobertas e experiências novas, me encontro em um elevado nível onde jamais imaginava estar. Falo não somente de conhecimento técnico, mas de uma ampla gama de diversificações somadas à possibilidades de mudanças e escolhas que podem ser transfiguradas a qualquer momento. Adquiri foco, considerei possibilidades, e mesmo não tendo noção sobre uma nova tarefa, percorro o caminho de maneira inovadora. Aprendi que nada é imutável e que não existem poucos detentores de conhecimento. Há diversas formas de se escrever um texto, conversar, gesticular, atuar e até mesmo tomar decisões importantes. Por mais que o ser humano se considere fraco, ele pode se reinventar a qualquer momento, rabisca-se, apaga-se e novamente a missão recomeça.
A faculdade tem me proporcionado este nicho, onde me encaixo e busco novos questionamentos constantemente, e mesmo quando não obtenho respostas, uma boa parte do quebra cabeças já se encontra montado. Descobri através da arte da dança (lembrando que toda a arte traz ao indivíduo descobertas, de maneira que ele se realiza integralmente através do estímulo criativo) que nenhum corpo é fechado, não importa que suas portas se encontrem um tanto enferrujadas, sempre existe uma chave. A fluência orgânica, carnal, óssea, que vários indivíduos deixaram de considerar ou nunca refletiram sobre, é algo precioso, de maneira que se deve estar atento aos sons, cheiros, visões, para que se possa estar realmente vivendo, existindo em uma Terra repleta de significados.
Existe uma dormência no ser humano, seja no biológico ou intelectual, a curiosidade se mostra ofuscada pelo retrato da futilidade e alienação. Ninguém mais procura pelo conteúdo que se encontra ao alcance de todos. Diversas pessoas se encontram neste estado, como se seu desenvolvimento embrionário, tivesse sido substituído por maturação em abiogênese, de forma que estes indivíduos brotam do processo massivo de uma “sociedade padrão”.
Tenho me encontrado a cada dia, e o ensino superior, juntamente com o acesso a conteúdos magníficos e pessoas com visão, tem cooperado muito para isso. Obtive uma mudança de vida, de conceitos, me sinto realmente outra pessoa. Os erros e as quedas foram importantes nesse processo e percebi que as pessoas mais arrogantes que conheci, por incrível que pareça, me constituíram base para meu crescimento.
O mundo é engraçado, a vida é engraçada... Não me sinto especial por nenhuma palavra citada aqui, apenas levo comigo a sensação de domínio acerca de minha própria vida. Hoje possuo autoconhecimento e compreensão do que se apresenta ao meu redor. Neste processo, memórias e vivências são indispensáveis, entretanto a chegada não é o fundamental, mas sim a experiência do trajeto.